O que Deus uniu o homem não separe
15/06/15

 

O nosso querido Papa Francisco em uma de suas homilias na Casa Santa Marta destacou que em nossa sociedade ocidental globalizada predomina uma perversa cultura do bem estar e do provisório. E o Papa está corretíssimo em sua sábia análise da realidade em que vivemos. Com o avanço científico e tecnológico que atingiu níveis inimagináveis há algumas décadas atrás, somado a uma crescente descristianização de nossa sociedade, criou-se um ambiente espiritual pagão onde as pessoas em sua maioria só buscam o próprio bem estar pessoal e não estão dispostas a se sacrificarem pelo próximo.

Assim as pessoas vão se tornando cada dia mais egoístas e egocêntricas, onde a indiferença em relação aos mais fragilizados e indefesos cresce assustadoramente. As relações entre as pessoas têm se tornado cada dia mais superficiais e transitórias, o que tem afetado de maneira muito negativa as relações conjugais, pois o homem contemporâneo não está mais disposto a tomar decisões definitivas em sua vida.

Conseqüentemente cresce de maneira espantosa o número de divórcios e de casais em “segunda ou terceira união”. Isso sem falar no crescente número de uniões livres ou de pessoas que não querem mais assumir nenhum tipo de compromisso conjugal estável.

Nesse cenário sombrio e desolador para as famílias, quem ousa nadar contra a corrente é visto com desconfiança e não é mais bem aceito em muitos círculos de amizade, assim como em muitos setores de nossa sociedade. Imaginem só um jornalista ou comentarista da Rede Globo defendendo o matrimônio indissolúvel entre um homem e uma mulher como única forma de relacionamento conjugal que está de acordo com a Lei Natural da Criação querida e estabelecida por Deus? Com certeza esse jornalista seria demitido em menos de uma semana de serviço; a menos que ele fique calado e não expresse publicamente a sua opinião.

As democracias modernas se tornaram cínicas e hipócritas ditaduras disfarçadas, onde se vive em uma realidade contraditória, pois as pessoas pregam e desejam a liberdade, confundida muitas vezes com libertinagem, mas na verdade vivemos em uma ditadura do relativismo, conforme já nos alertou anos atrás o nosso querido Papa Emérito Bento XVI. Nessa sociedade hipócrita impera somente a cartilha do politicamente correto, onde somente quem se declara “moderno” e a favor do casamento gay, do divórcio e do aborto, por exemplo, e se coloca taxativamente contra os valores cristãos tradicionais como a defesa da vida, da família e da liberdade dos pais em educarem seus filhos na fé e nos valores morais decorrentes dessa fé, é que é bem aceito pela sociedade.

E quem se coloca a defender a ortodoxia e os valores da fé é ridicularizado e desprezado pela maioria das pessoas. Diante dessa situação, muitos homens e mulheres de fé, que buscam viver segundo os valores do Evangelho e na obediência à Santa Mãe Igreja Católica, acabam muitas vezes, por medo ou insegurança, se calando e omitindo assim o seu testemunho heróico da fé. E essa covarde omissão por parte de muitas pessoas crentes acaba gerando no senso comum a falsa impressão de que o mundo é assim mesmo e nunca poderá mudar.

Os diabólicos arquitetos dessa engenharia social revolucionária que está transformando nossa sociedade, desconstruindo seus valores cristãos e criando uma sociedade politicamente correta, querem que todos pensem que esse é o caminho natural da humanidade, e que se trata de um caminho sem volta. Não há nada mais falso do que esse perverso e diabólico modo de pensar. E a Igreja Católica se tornou uma grande pedra de tropeço para esses ideólogos do desconstrucionismo, que se voltam ferozmente contra ela.

Querem a todo custo calar a voz profética da Igreja, que muitas vezes é a única a denunciar a perda gradativa dos valores cristãos de nossa sociedade. Até mesmo dentro da própria Igreja surgem vozes mundanas, ditas progressistas, que se colocam a serviço dessa revolução anti-cristã e querem destruir a Igreja a partir de dentro.

Quem é que nunca ouviu lideranças de dentro da Igreja, até mesmo sacerdotes, que dizem que a Igreja deve mudar, que deve aceitar o divórcio, e assim adequar sua doutrina sobre o matrimônio indissolúvel à mentalidade dominante? Essas pessoas se esquecem que a Igreja é obra de Cristo e que ela nunca irá mudar sua doutrina. São esses maus filhos da Igreja que devem se converter e mudar de opinião e não a Igreja.

A Igreja é servidora da Verdade e não tem o direito de mudar uma vírgula sequer de sua doutrina, que é parte constitutiva do Depósito de fé que Nosso Senhor Jesus Cristo confiou a ela através do colégio dos apóstolos, da qual o Papa e os Bispos são os sucessores legítimos.

Aliás, a respeito da indissolubilidade do matrimônio cristão, temos no Evangelho de São Marcos (conf. Mc 10, 2-12) a emblemática passagem onde Jesus responde a um grupo de fariseus que querem colocá-Lo a prova ao dizerem que a lei de Moisés permite ao homem despedir sua mulher com uma carta de divórcio: “Foi por causa da dureza de vosso coração que Moisés escreveu este preceito. No entanto desde o início da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe” (vv. 5-9).

Jesus nessa passagem foi categórico ao proferir uma doutrina infalível a respeito do casamento entre um homem e uma mulher. E não adianta virem os “moderninhos” teólogos libertacionistas dizerem que é a prática que deve se sobrepor à doutrina. Essa falácia marxista quer legitimar a prática do divórcio e outras desordens morais que se tornaram comuns em nossa sociedade secularizada e paganizada, ao afirmar que a sociedade vive agora assim e a Igreja deve mudar de opinião para se adequar a esse novo modo de pensar da sociedade.

Essa falácia libertacionista é um absurdo e nunca será aceita pelo Magistério infalível da Igreja.

A Igreja como Corpo Místico de Cristo será sempre fiel à Sua Cabeça e nunca irá mudar sua doutrina, mesmo se isso custar a perda de muitos fiéis. O mundo de pecados em que vivemos é que deve ser iluminado pela luz da fé, se deixando plasmar pelo Evangelho anunciado pela Igreja há dois mil anos. E a partir da luz da fé o mundo deve ser transfigurado pelos valores do Reino de Deus.

Que Maria Santíssima, a Mãe do Perpétuo Socorro, interceda pela Igreja, pelo Papa e pelo colégio dos Bispos, para que guiem fielmente a Esposa de Cristo neste século de desafios e contradições. Amém!!!

 

 

 

Autor: Flavio Cividanes de Quero
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